Adel alerta sobre a gestão sustentável das águas

 

Neste Dia Mundial da Água, a Adel alerta sobre os desafios de acesso à água para o consumo humano e produtivo enfrentados pelas famílias que residem no semiárido e a importância de uma gestão sustentável deste líquido tão necessário à humanidade.

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), até 2050, o planeta deve chegar a marca dos 10 bilhões de habitantes. Com isso, a água para utilização doméstica, equivalente a cerca de 10% da captação hídrica do mundo, deve aumentar de forma exponencial. Neste cenário, a busca por soluções inovadoras, sustentáveis e de baixo custo para o uso e reuso dos recursos hídricos se torna ainda mais premente para a geração atual e gerações futuras.

De acordo com a Agência Nacional das Águas (ANA), em janeiro de 2018, dos 436 reservatórios da região nordeste usados exclusivamente para armazenamento de água, 240 (55%) estavam com nível inferior a 10% de sua capacidade. Destes, 143 estavam completamente vazios. Este fenômeno deixou danos irreparáveis, como a falta de água nas cidades e a perda de rebanhos e de safras nas lavouras.

Entretanto, ao mesmo tempo em que o período de estiagem, dos últimos cincos anos, trouxe danos à produtividade no meio rural, ele possibilitou também o fortalecimento de uma convivência harmoniosa com o semiárido. Diversas tecnologias socioambientais foram implementadas permitindo um convívio mais tranquilo diante a realidade das secas e a busca por uma gestão sustentável das águas.

Implantação de tecnologias socioambientais

Nesse ínterim, a Adel foi fortalecendo suas expertises e implementando diversas tecnologias socioambientais em comunidades rurais do Nordeste brasileiro. A mais recente iniciativa implementada foi a construção de cisternas “telhadão” para o armazenamento de águas pluviométricas nos municípios de Touros e Jandaíra no Rio Grande do Norte.

A cisterna “telhadão” é uma tecnologia de captação de água da chuva por meio de um telhado de 100m², em forma de galpão. O telhado capta a água da chuva e por um sistema de calhas e canos leva-a a uma cisterna com capacidade de armazenar 52.000L de água. A área coberta tem muitas utilidades. Os agricultores usam para armazenar alimentos na forma de feno ou silagem, guardar as ferramentas, criação de pequenos animais, entre outros usos.

Cisterna “telhadão” construída no município de Touros, RN

 

Essa tecnologia foi implantada desde março de 2018 por meio do Programa EDP Renováveis Rural desenvolvido pela EDP Renováveis. O objetivo é fortalecer a capacidade produtiva e a segurança hídrica de 40 (quarenta) famílias. A infraestrutura hídrica das comunidades rurais beneficiadas pelo Programa era composta basicamente por poços artesianos em condições precárias e uma rede de abastecimento ligada a uma adutora local.

Antes do projeto, as famílias enfrentavam severas dificuldades com o abastecimento de água potável, atrelado ao funcionamento irregular da adutora. Segundo os agricultores, o alto grau de salinidade da água proveniente dos poços sem dessalinizadores e a ausência de periodicidade das adutoras eram dois agravantes para a segurança hídrica local.

Para Júlia Batista, 74, moradora da comunidade Tubiba, em Touros/RN, viver na comunidade tem dois lados. “O lado bom é o sossego, a tranquilidade, o outro é que nós temos dificuldades de água, quando chove é uma benção, todo mundo tem as coisas. Quando não chove só não é pior porque a gente tem água do governo né. Mas quando não vem a gente tem que comprar uma carrada de água por R$140,00. A gente quer plantar uma horta, mas não planta porque não tem água para aguar. É difícil, mas a gente tem esperança de ver uma coisa boa com esse projeto”, ressalta a agricultora.

Mandala construída na comunidade Barra do Leme, Pentecoste, CE

 

Além de proporcionar aos agricultores o acesso à água para consumo, as cisternas “telhadão”, possibilitam o desenvolvimento da produção. Cada beneficiário do Programa recebe diversas hortaliças e plantas frutiferas para implantar seu quintal produtivo. As cisternas “telhadão” construídas pelo Programa já estão sendo abastecidas com as primeiras chuvas que caem na região. Cada família avalia a melhor finalidade para a água captada, seja para consumo dos animais, irrigação, uso doméstico, dentre outros. Com orientação da equipe técnica da Adel elas utilizam as tecnologias implantadas com eficiência máxima.

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