Jovem contribui com o desenvolvimento social e cultural de sua comunidade

Marcos Antônio, conhecido como Marquinhos

Marcos Antônio Rocha, 29, ingressou no Programa Jovem Empreendedor Rural (PJER) da Adel em 2012. Trazia com ele o desejo de permanecer na comunidade Chaparral, onde nasceu e cresceu, distante cerca de 14 km da sede do município de Tejuçuoca (CE). Filho e neto de agricultores, Marquinhos, como é conhecido em Chaparral, é o quarto de seis filhos do casal Antônio Floriano e Maria Ieda.

Desde muito cedo ele começou a trabalhar na agricultura. Aos nove anos, já ajudava o pai no roçado e auxiliava também sua mãe nas tarefas domésticas. Marquinhos acompanhou desde a infância os desafios e o crescimento do local onde nasceu. Sua família foi uma das pioneiras no assentamento, que conta com 50 famílias.

Antes, a comunidade não tinha acesso a transporte escolar, saúde e saneamento básico, menos ainda algum tipo de lazer. Não havia entretenimento e nem acesso à primeira fase do ensino básico. Ele e os irmãos começaram a estudar apenas a partir da primeira série do Ensino Fundamental e se deslocavam a pé, cerca de meia hora, para a escola que funcionava em uma comunidade vizinha.

O tempo foi passando e logo a administração municipal disponibilizou transportes escolares para transportá-lo para escola. O assentamento foi se desenvolvendo e ao mesmo tempo, o número de famílias e de jovens cresceu. Marquinhos guarda boas lembranças dos momentos de diversão com os amigos e das paixões que ele cultiva desde a adolescência. Primeiro o futebol, em seguida a música.

“A gente se reunia nos campos improvisados, muita gente assistia. Passei a jogar em categorias de base em Tejuçuoca com um técnico local, até que surgiu a oportunidade de jogar profissionalmente em outros lugares. Mas na época eu tinha outra paixão que conciliava com o esporte e que me fez desistir dessa oportunidade, a música”, relata.

Talento musical

O talento musical do jovem rendeu uma renda financeira para ajudar os pais nas despesas de casa. E aos quinze anos, ele começou a cantar profissionalmente em uma banda do município. No mesmo período, ele viu sua família se desestruturar após o falecimento de sua mãe.

Em 2010, seguindo o costume de muitos jovens do interior, inclusive dos irmãos mais velhos, Marquinhos foi embora para São Paulo em busca de novas oportunidades. No entanto, não se adaptou e após seis meses voltou de vez para a sua comunidade natal.

Em Chaparral, retomou suas atividades musicais e não parou mais. Durante essa nova fase ele passou a colaborar com diversos projetos sociais na comunidade. O pai de Marquinhos foi o primeiro presidente da associação local e sempre incentivou os filhos a participarem das reuniões. E a inquietude do jovem com a ausência de projetos para a juventude lhe fez buscar novos conhecimentos e mobilizar outros jovens para fortalecer o trabalho comunitário.

Marquinhos reunido com outros jovens de Chaparral, Tejuçuoca (CE)

Marquinhos reuniu um grupo com mais de trinta jovens para pensar e criar ações voltadas para a comunidade. Em 2012, ele teve a oportunidade de ingressar no Programa Jovem Empreendedor Rural (PJER) desenvolvido pela Adel, e, passou a difundir entre os amigos da comunidade o que aprendia no Programa. O objetivo era compartilhar os conhecimentos adquiridos e debater com os jovens novas ideias e projetos para a promoção do desenvolvimento local.

“Como a maioria dos jovens da comunidade em geral que eu me incluo no meio, a gente não conhece a nossa própria identidade. Ou seja, a gente não sabe a nossa origem, não sabe de onde a gente veio e com isso a gente fica um pouco perdido. Principalmente quando termina o ensino médio. E aos poucos a gente vem fazendo isso, vem mudando”, enfatiza Marquinhos após citar a importância do PJER em sua vida.

Fortalecimento Comunitário

Durante a Formação do PJER ele elaborou um projeto com foco na reestruturação da associação comunitária e na valorização da cultura local. Em 2013, o assentamento Chaparral recebeu por meio do Programa Territórios Digitais desenvolvido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em parceria com o Ministério das Comunicações, uma Casa Digital. Marquinhos tornou-se monitor da Casa Digital e passou junto com outros jovens a gerir o espaço, que é composto por 11 computadores, sendo um servidor, estabilizadores e mobiliário.

A Casa Digital funciona na sede da Associação Comunitária e além de manter o espaço limpo e funcionando todos os dias de forma voluntária, os jovens auxiliam os moradores no acesso aos computadores e a realizar oficinas básicas de informática. “Mudou muita coisa aqui. Além de estimular a juventude a desenvolver atividades dentro da comunidade, tinha também muitos jovens que tinham que andar muito longe para fazer algum trabalho”, enfatiza Marquinhos.

Nos últimos cinco anos, diversos projetos foram desenvolvidos no local com o apoio de Marquinhos. Atualmente, além de trabalhar como cantor, ele tornou-se sucessor na liderança comunitária, assumindo em 2018 o posto de novo presidente da Associação dos Assentados da Fazenda Chaparral. Investiu ainda na área de ovino para corte, formou seu próprio núcleo familiar, hoje é pai e referência na região como empreendedor social e liderança local.

Marquinhos, sua esposa Edilene Mota e seu filho Luan

Marquinhos idealiza para o futuro um novo rural com mais oportunidades para os jovens. Seu desejo é que surjam  mais projetos para Chaparral e Tejuçuoca que viabilizem o engajamento e a participação dos jovens e de agricultores no desenvolvimento da comunidade e do município.

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